terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Ela jogou uma ponta de cigarro na calçada, inocentemente.
Em Havana, todos fumam.
A libreta até fornece alguns maços por mês.
Fumam, fazem sexo, bebem e dançam salsa, como diria Juan.
Em Havana todos gozam também.
Gozam ali, no meio das construções em decomposição
e isso dá pra ver estampado na cara de cada um.
Dá pra ver andando à noite pelo Malecón repleto
Almas que fazem sexo e pessoas que abortam legalmente.
Prazeres e regalias de um estado laico.
Ela pediu uma cerveja, porque fazia sentido embriagar-se.
Calor, suor, aquela brisa úmida e arenosa que gruda na pele.
No meio disso tudo, pouco se discute na parte baixa de Havana,
como se houvesse pouco a se discutir.
O cigarro era um presente. Arrependeu-se de tê-lo fumado.

foto por Silvia Song