quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
P&B
Só se sabe que Tempo passou porque deixou rastros.
Ali, naquele quarteirão que cheira a oferendas e pele,
parece inclusive que ele não só passou, mas fez morada
por coisa assim de meio século...
As janelas têm na pintura a marca de suas unhas
e o grito de sua ação, que devorou pedaços das portas
e dos beirais ornamentais de concreto.
Agora parece que o Tempo desistiu de ficar preso no quarto úmido
potencializando o efeito do salitre.
Anda querendo pegar as malas, aceitar as mudanças e migrar para
fazer outra história - colorida, desta vez. Quem sabe?
Parece querer deixar os berais carcomidos,
As negras rijas, mas embrutecidas,
O homem amargo, mas dançante.
E deixar pra trás, sem culpa, o sinal de sua inércia:
Fotografias dignas do preto e branco antigo de analógicas já em desuso...
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Um comentário:
dessa transparência que é teu texto, vi o tempo passar nessa viela.
surpresa a cada linha.
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