sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Mira...


Era poesia até que acenderam as luzes e não fazia mais sentido o que se lia e o que se repetia sem parar desde sempre em todo lugar. Eu lia nas projeções minhas, versos decassílabos heróicos até que fecharam as cortinas e me permitiram, como oportunidade única, conhecer os bastidores. Era tudo prosa e trova até que gritaram pela rua despertando a realidade de um sonho peculiar. Intrigante.
Havia ainda resquícios de Lezama e Heredia até que os pombos foram vistos enjaulados. Até que o básico faltou nas tiendas. Até notar a presença da auto-censura em cada troca de palavras pseudo-inocentes. A produção de uma nova visão das velhas cores e nuances...
Nem só de palavras vive um homem.

Ainda assim, as poucas rimas ricas - lançadas à calçada - estão sustentadas pela gana de uma mudança sincera, severa e verdadeira. A luta e a resistência ainda persistem. Mesmo que, às vezes, inconsciente.

Meu retorno a Cuba redesenhou as paredes, recoloriu as escadas, os táxis e as personagens. Por aqui, há trabalho para os próximos meses. Por lá, as próximas décadas terão de se empenhar.

5 comentários:

Rafael Zito disse...

Olha Vanessa, esta segunda oportunidade q tiveram de ir para Cuba deve ter sido tão fascinante qnto a primeira. Viveram uma realidade q soh conheciam pelo q nos é passado. Vale saber de vcs agora se da primeira viagem pra segunda jah notaram mudanças significativas. Viver uma experiencia em outro país é algo fantastico!.

Adoro "as personagens" envolvidas neste projeto, digamos q, de vida... bjos linda.

Gisele Brito disse...

"Havia ainda resquícios de Lezama e Heredia até que os pombos foram vistos, enjaulados"

Por Vanessa Oliveira.

Sônia Guimarães disse...

Vanessa, querida... Que surpresa boa, adorei seu texto, viu? Voltarei. 1 bjo!

Anônimo disse...

Ei, meu bem.
Já estava com saudades de abrir sua página e decobrir sentimentos de outro lugar,de você, num texto novo!
O texto todo me deu uma vontade de ver de perto...
Está lindo!
beijo.

Anônimo disse...

Acho que essa vez deve ter sido ainda mais fascinante que a primeira. Sem aquele medo e a ansiedade do "novo" a paisagem pode ser observada sem máscaras, com mais obhetividade.
Eu ainda vou passear por aí tb...
Saudades, amor... beijo!