quarta-feira, 16 de julho de 2008

Havana Club


Aceitaram o rum de pronto. Viria gelado, de um refrigerador russo (provavelmente vermelho). E para alcançar a geladeira, antecederiam escadas ornamentais de degraus largos mal cuidados, mas ainda assim, charmosos, como é tudo que conta uma boa história.

Destoando do clichê, o refrigerador não era vermelho. Mas a bebida veio como se ansiava: forte, amarelada, fresca. As paredes, sem muito merecer, tinham quadros abstratos de um pintor amigo. Era jornalista o nosso anfitrião e tinha livros por todos os lados. Os que lhe inspiravam poesia e os que lhe instigavam a questionar a (r)evolução do pequeno pedaço de terra controverso do qual era orgulhoso habitante. No canto da sala, um computador em uma espécie de escritório improvisado e na tela, um desenho da nora, estudante dedicada de desenho industrial.

No caminho, antes do convite para o rum, era possível ver a ilha na penumbra. Caminhavam embalados por suculentas discussões políticas - exatamente o que vieram buscar. A curiosidade espantava o medo bobo que terra estranha dá. Eram os primeiros passos pela Havana suja e descuidada, mas dona satisfeita de um colorido descascado. Capital negra e suada, de uma infinidade de informações quase improcessáveis.

Para o par de cabeças estrangeiras, a estrutura do edifício era a alma da velha Cuba que se propuseram a conhecer. A degradação, a ferrugem nos detalhes nobres da arquitetura confiscada... Tudo construía uma réplica da macrorealidade da Ilha, seu grande paradoxo: ruínas recheadas de robustos valores. Um brilho tímido em meio aos eternos problemas de uma manutenção já quase desnecessária de tão tardia.

10 comentários:

Anônimo disse...

momento de lucidez da jovem repórter!!!!!!!!!!
grande blogueiraaaaa

Mais textos, mais textos! =)

Anônimo disse...

Tenho a impressão de que alguém está com saudade de algum lugar.

Anônimo disse...

Texto lindo!Me fez sentir uma espécie de nostálgia alheia tão boa!

Felipe Simi disse...

Van,

Você me pediu. E, como seu pedido é sempre uma ordem, eu atendi: aqui estou, elogiando um texto que me inspirou vida.

De hoje em diante, voltarei.
Um grande beijo p/ você, querida!

E, quando puder, apareça também lá no Esporte Jornalismo, comninado?

www.esportejornalismo.blogspot.com

Anônimo disse...

Querida priminha

Vivemos tempos difíceis. A língua portuguesa está agonizando.
No meu dia-a-dia converso com muitas pessoas, seja por correio eletrônico, telefone ou pessoalmente, e na grande maioria das vezes tenho aquela sensação de que deveria ter deixado metade do “vocabulário” guardado no fundo da gaveta de meias, pois está em desuso e quando se insisto em usá-lo, sou taxado de metido, esnobe e nojento. MSN então, me nego a ficar “on-line” mais que meia hora.
Eu particularmente concordo que as línguas sofrem adaptações para atingirem a grande maioria dos usuários. Concordo também que nossa língua é bastante complexa, mas o sentimento de estar no meio de uma revolução da língua portuguesa me assusta. Não fico assustado por medo da mudança ou fobia ao novo, fico assustado porque acompanhamos revistas, jornais, artigos digitais, trabalhos acadêmicos e outros materiais importantes com pérolas do tipo “seje”, “para mim levar”, “a gente fomos”, entre outras, sempre escritos por pessoas formadoras de opinião que são invejadas e copiadas diariamente, ou seja, pode ser uma revolução sem rumo. Deus queira que não
Fico muito admirado quando leio algo bem escrito por pessoas “normais”, ou seja, do meu mundo, seres visíveis, palpáveis e acessíveis. Não aqueles que estão no “Olimpo” ou no “Parnaso” – como é bom escrever assim e saber que vão entender – seres de “carne e osso”.
Agora, ler algo tão bem redigido e tão claro escrito por minha “priminha”, a língua portuguesa vai me desculpar, mas vai ter que criar uma palavra nova para descrever o meu sentimento, porque “orgulho” é pouco.
Menina, você tem um dom. Deus lhe deu esse dom e você está fazendo excelente uso dele. Fico imaginando você escrevendo e parece que as palavras brotam na tela do computador sem a menor hesitação.
O bom jornalista escreve de forma clara, direta e objetiva. Você além de tudo isso ainda faz o leitor visualizar o cenário, sentir o clima, o gosto, o cheiro, é praticamente uma leitura sinestésica, se é que isso existe. Se não existe, você inventou.
Não tenha um “plano b” para sua carreira, você nasceu para isso e deve seguir esse caminho por mais obstáculos que encontre. Mudar de rumo só trará frustração.
Desculpe pelos erros que você encontrar nesse texto, pois não me preparei para isso. Nunca imaginei que um dia escreveria para um destinatário que futuramente habitará o Olimpo.
Grande beijo.

Lindo

Rafael Zito disse...

Essa garota tem uma capacidade inesgotável de surpreender e de reafirmar sua capacidade.

Nao querendo gaba-la mas jah fazendo ela faz parte sim do q eu chamo de "roda da excelencia". Q categoria!

bjos Vanessinha... rafael = presença constante.

Anônimo disse...

Uau!

Eis que surge então em sua humildade grande revelação da literatura brasileira! KKk...
Tava escondendo o ouro Vanessa?
Muito bom!
Sucesso!

Anônimo disse...

po to curtindo muito conhecer esse grande lugar só pelas suas palavras kkk espero ancioso mais textos ok t+ linda beijão e parabens

Henrich! disse...

[b]isso é literatura![/b]
precisamos trocar idéias, senhorita!
palavras ternas, internas, externadas suavemente!!
to imaginando esse blog virando um livro daqueles q a gente olhou naquela livraria "nossa! q bárbaro! foto e poesia!!", daqueles lindos e caros... hihihi
abração!! 'tá muito bom! escreve mais!

Anônimo disse...

Que delícia de texto...!!!!

um beijão, menina!